Os comunistas alemães, de quem vamos falar agora, não se chamam de “esquerda”, mas – se não me engano – de “oposição de princípio” (grundsatzliche Opposition). Mas, pelo que se segue, pode-se ver que têm todos os sintomas da “doença infantil do esquerdismo”.
O folheto intitulado Cisão no Partido Comunista da Alemanha (Liga Espartaquista), que reflecte o ponto de vista dessa oposição e que foi editado pelo “Grupo local de Francoforte-sobre-o-Meno”, expõe com grande evidência, exactidão, clareza e concisão a essência dos pontos de vista dessa oposição. Algumas citações serão suficientes para familiarizar os leitores com essa entidade:
“O Partido Comunista é o partido da luta de classes mais decisiva..."
“…Do ponto de vista político, o período de transição [entre o capitalismo e o socialismo] é um período de ditadura do proletariado..."
"…Surge a seguinte pergunta: quem deve exercer a ditadura: o Partido Comunista ou a classe proletária? ... Por princípio, devemos tender para a ditadura do Partido Comunista ou para a ditadura da classe proletária? ..."
(Os realces são do original).
Mais adiante, o autor do folheto acusa o “CC” do Partido Comunista da Alemanha de procurar uma coligação com o Partido Social-Democrata Independente da Alemanha e de ter levantado “a questão do reconhecimento, por princípio, de todos os meios políticos” de luta, entre eles o parlamentarismo, somente para ocultar as verdadeiras e principais intenções de coligar-se com os independentes. E o folheto continua:
“A oposição escolheu outro caminho. Defende o critério de que a questão da hegemonia do Partido Comunista e da sua ditadura nada mais é que uma questão de táctica. Em todo caso, a hegemonia do Partido Comunista é a última forma de toda hegemonia de partido. Por princípio, deve-se tender para a ditadura da classe proletária. E todas as medidas do Partido, a sua organização, as suas formas de luta, a sua estratégia e a sua táctica devem orientar-se, para esse objectivo. De acordo com isso é preciso rejeitar do modo mais categórico todo o compromisso com os demais partidos, qualquer retorno aos métodos parlamentares de luta, histórica e politicamente obsoletos, qualquer política de manobra e conciliação". "Os métodos especificamente proletários de luta revolucionária devem ser salientados com energia. E, para abarcar os mais amplos sectores e camadas proletários, que devem incorporar-se à luta revolucionária sob a direcção do Partido Comunista, é preciso criar novas formas de organização, sobre a mais ampla base e com os mais amplos limites. Esse lugar de agrupamento de todos os elementos revolucionários é a União Operária, construída sobre a base das organizações de fábrica. Nela devem unir-se todos os operários fiéis ao lema: Fora dos Sindicatos! É aqui que o proletariado militante forma as mais amplas fileiras de combate. Basta reconhecer a luta de classes, o sistema soviético e a ditadura para ser admitido. Toda a educação política posterior das massas combatentes e a sua orientação política na luta são tarefa do Partido Comunista, que se encontra fora da União Operária..."
“... Há agora, por conseguinte, dois partidos comunistas frente à frente:
Um, é o partido dos chefes, que trata de organizar e dirigir a luta revolucionária de cima, aceitando os compromissos e o parlamentarismo com a finalidade de criar situações que permitam a esses chefes participar num governo de coligação, em cujas mãos esteja a ditadura.
O outro é o partido das massas, que espera o ascenso da luta revolucionária de baixo, que conhece e aplica nessa luta um único método que leva firmemente ao objectivo traçado, rejeitando todos os processos parlamentares e oportunistas; esse método único é o derrube incondicional da burguesia para depois implantar a ditadura de classe do proletariado, com a finalidade de instaurar o socialismo...”
“... De um lado, a ditadura dos chefes; do outro, a ditadura das massas! Essa é a nossa palavra de ordem”.
Tais são as teses fundamentais que caracterizam o ponto de vista da oposição no Partido Comunista Alemão.
Qualquer bolchevique que tenha participado conscientemente no desenvolvimento do bolchevismo desde 1903, ou que o tenha observado de perto, não poderá deixar de exclamar imediatamente, depois de ter lido tais opiniões: “Que velharias conhecidas! Que infantilidades de “esquerda”!”.
Examinemos, porém, mais de perto essas opiniões.
Só o facto de perguntar “ditadura do Partido ou ditadura da classe, ditadura (partido) dos chefes ou ditadura (partido) das massas?” mostra a mais incrível e irremediável confusão de ideias. Há pessoas que se esforçam para inventar algo inteiramente original e não conseguem mais, no seu afã de sabedoria, do que cair no ridículo. É sabido de todos que as massas se dividem em classes, que opor as massas às classes só se pode num sentido: se se opõe uma maioria esmagadora, na sua totalidade, sem se distinguir as posições ocupadas em relação ao regime social da produção, às categorias que ocupam uma posição especial nesse regime; que as classes estão geralmente, na maioria dos casos, pelo menos nos países civilizados modernos, dirigidas por partidos políticos; que os partidos políticos estão dirigidos, regra geral, por grupos mais ou menos estáveis das pessoas mais autorizadas, influentes e capazes, eleitas para os cargos mais responsáveis a que se chamam chefes. Tudo isto é o ABC, tudo isto é simples e claro. Que necessidade havia de trocar isso por tais confusões, por essa espécie de volapuque? Pelos vistos, essas pessoas desnortearam-se em virtude da rápida alternância entre vida legal e vida ilegal do Partido, que altera as relações comuns, normais e simples entre os chefes, os partidos e as classes, e caíram numa situação difícil. Na Alemanha, como nos demais países europeus, as pessoas estão excessivamente habituadas à legalidade, à eleição livre e regular dos “chefes” pelos congressos ordinários dos partidos, à comprovação cómoda da composição de classe desses últimos através das eleições parlamentares, dos comícios, imprensa, estado de espírito dos sindicatos e outras organizações, etc. Quando, em virtude da marcha impetuosa da revolução e do desenvolvimento da guerra civil, foi preciso passar dessa rotina para a alternância de legalidade, ilegalidade e da sua combinação, para métodos “pouco cómodos” e “não-democráticos” a fim de designar, formar ou conservar os “grupos de dirigentes’, essas pessoas perderam a cabeça e começaram a inventar um monstruoso absurdo. Provavelmente os “tribunistas” holandeses, que tiveram o azar de nascer num país pequeno, com tradição e condições legais particularmente privilegiadas e estáveis, e confusos e desnorteados por nunca terem assistido a esta alternância de situações legais e ilegais, ajudaram a essas invenções absurdas.
Por outro lado, salta aos olhos o uso impensado e ilógico de algumas palavras “da moda”, na nossa época, sobre “a massa” e “os chefes”. Essas pessoas ouviram e sabem de cor muitos ataques contra “os chefes” e como estes eram contrapostos à “massa”, mas não souberam raciocinar sobre o significado e ver com clareza do que se tratava.
No fim da guerra imperialista e depois dela, manifestou-se em todos os países com singular vigor e evidência o divórcio entre “os chefes” e “a massa”. A causa fundamental desse fenómeno foi explicada muitas vezes por Marx e Engels, de 1852 a 1892, usando o exemplo da Inglaterra. A situação monopolista desse país originou o nascimento de uma “aristocracia operária” oportunista, semi-pequeno-burguesa, saída da “massa”. Os chefes dessa aristocracia operária passavam-se frequentemente para o campo da burguesia, que os sustentava directa ou indirectamente. Marx foi alvo do ódio, que o honra, desses canalhas, por havê-los qualificado publicamente de traidores. O imperialismo moderno (do século XX) criou uma situação privilegiada, monopolista, para alguns países avançados, e, nesse terreno, surgiu em toda parte, dentro da II Internacional, esse tipo de chefes traidores, oportunistas, social-chauvinistas, que defendem os interesses da sua corporação, do seu reduzido grupo de aristocracia operária. Esses partidos oportunistas afastaram-se das “massas”, isto é, dos sectores mais amplos de trabalhadores, da maioria, dos operários pior remunerados. A vitória do proletariado revolucionário torna-se impossível sem a luta contra esse mal, sem o desmascaramento, a desmoralização e a expulsão dos chefes oportunistas social-traidores; esta é, exactamente, a política aplicada pela III Internacional.
Mas chegar com este pretexto a contrapor, em termos gerais, a ditadura das massas à ditadura dos chefes é um absurdo ridículo e uma imbecilidade. O mais divertido é que, de facto, no lugar dos antigos chefes que se agarravam às ideias comuns sobre as coisas simples, destacam-se (encobrindo-se com a palavra de ordem de “abaixo os chefes”) novos chefes que dizem tolices e disparates que escapam a qualquer qualificação. Tais são, na Alemanha, Lauffenberg, Wolfweim, Horner11, Karl Schroeder, Friedrich Wendell e Karl Erler[1]. As tentativas deste último para “aprofundar” a questão e proclamar, de modo geral, a inutilidade e o “carácter burguês” dos partidos políticos representam verdadeiras colunas de Hércules da estupidez, deixando qualquer um estupefacto. Um processo real: a partir de um pequeno erro, pode-se fazer sempre um monstruosamente grande, caso se persista nele, caso seja aprofundado para o justificar, caso se tente “levá-lo às últimas consequências”!
Negar a necessidade do Partido e da disciplina partidária, eis o resultado a que chegou a oposição. E isso equivale a desarmar completamente o proletariado em proveito da burguesia. Acrescente-se a isso a balbúrdia, a instabilidade e a incapacidade, próprios da pequena burguesia, para ser dirigido, para a unir-se e para actuar de modo organizado, que, se formos indulgentes, causarão inevitavelmente a ruína de todo movimento revolucionário do proletariado. Negar a necessidade do Partido, do ponto-de-vista do comunismo, é dar um salto das vésperas da derrocada do capitalismo (na Alemanha) não até à fase inferior ou média do comunismo, mas até à sua fase superior. Na Rússia estamos ainda (mais de dois anos depois do derrube da burguesia) a dar os nossos primeiros passos na via da transição do capitalismo para o socialismo, ou fase inferior do comunismo. As classes subsistem e continuarão a existir durante anos, em toda parte, depois da conquista do Poder pelo proletariado. Talvez na Inglaterra, onde não há camponeses (mas onde existem pequenos proprietários!), este período possa ser mais curto. Suprimir as classes, não é apenas expulsar os proprietários de terras e os capitalistas – o que nos foi relativamente fácil fazer – é também suprimir os pequenos produtores de mercadorias; ora estes não podem ser expulsos ou esmagados; há que viver em boa harmonia com eles. Pode-se (e deve-se) transformá-los, reeducá-los – mas só mediante um trabalho de organização muito longo, muito lento e muito prudente. Eles cercam por todos os lados o proletariado de uma atmosfera pequeno-burguesa, que embebe e corrompe o proletariado, suscita constantemente no seio do proletariado reincidências de defeitos próprios da pequena burguesia: falta de carácter, dispersão, individualismo, oscilação entre entusiasmo e abatimento. Para resistir a isto, para permitir que o proletariado exerça acertada, eficaz e vitoriosamente o seu papel de organizador (que é o seu papel principal), o partido político do proletariado deve fazer reinar no seu seio uma centralização e uma disciplina rigorosas. A ditadura do proletariado é uma luta tenaz, cruel ou não, violenta e pacífica, militar e económica, pedagógica e administrativa, contra as forças e as tradições da velha sociedade. A força do costume de milhões e dezenas de milhões de homens é a força mais terrível. Sem um partido de ferro, temperado na luta, sem um partido que goze da confiança de tudo o que haja de honrado dentro da classe, sem um partido que saiba sentir o estado de espírito das massas e influir sobre ele, é impossível levar a cabo com êxito esta luta. É mil vezes mais fácil vencer a grande burguesia centralizada do que “vencer” milhões e milhões de pequenos proprietários; estes, com a sua actividade corruptora quotidiana, prosaica, invisível, imperceptível, produzem os mesmos resultados que são necessários à burguesia, que restauram a burguesia. Quem enfraqueça, por pouco que seja, a disciplina de ferro do partido do proletariado (sobretudo durante a sua ditadura) ajuda, na realidade, a burguesia contra o proletariado.
Ao lado da questão dos chefes-partido-classe-massas, é preciso exprimir a dos sindicatos “reaccionários”. Mas, antes, e a fim de facilitar a compreensão da conclusão, tomarei a liberdade de fazer algumas observações baseadas na experiência do nosso Partido. Nele, sempre houve ataques contra a “ditadura dos chefes”. Que eu lembre, a primeira vez foi em 1895, quando o partido ainda não existia formalmente, mas já começava a constituir-se em Petersburgo o grupo central que iria encarregar-se da direcção dos grupos distritais. No IX Congresso do nosso Partido (Abril de 1920) houve uma pequena oposição que também se pronunciou contra a “ditadura dos chefes”, a “oligarquia”, etc. Não há, portanto, nada de surpreendente, nada de novo, nada de alarmante na “doença infantil” do “comunismo de esquerda” entre os alemães. Essa doença manifesta-se sem perigo e, uma vez curada, chega mesmo a fortalecer o organismo. Por outro lado, a rápida alternância entre trabalho legal e ilegal, que implica a necessidade de “ocultar”, de envolver com singular segredo o Estado-Maior, os chefes, originou, algumas vezes, fenómenos profundamente perigosos. O pior deles foi a infiltração no Comité Central bolchevique, em 1912, de um agente provocador – Malinovski. Ele denunciou dezenas e dezenas dos mais abnegados e excelentes camaradas, causando-lhes a condenação a trabalhos forçados e provocando a morte de muitos deles. E se não causou maiores danos foi porque tínhamos estabelecido adequadamente a correlação entre os trabalhos legal e ilegal. Para ganhar a nossa confiança, Malinovski, como membro do Comité Central do Partido e deputado à Duma, teve de ajudar-nos a organizar a publicação de diários legais que, inclusive sob o czarismo, souberam lutar contra o oportunismo dos mencheviques e difundir, de forma velada, os princípios fundamentais do bolchevismo. Com uma das mãos, Malinovski enviava para a prisão e para a morte dezenas e dezenas dos melhores combatentes do bolchevismo; com a outra via-se obrigado a contribuir para a educação de dezenas e dezenas de milhares de novos bolcheviques, através da imprensa legal. Sobre este facto, deveriam reflectir cuidadosamente os camaradas alemães (e também os ingleses, americanos, franceses e italianos) que têm diante de si a tarefa de aprender a realizar um trabalho revolucionário nos sindicatos “reaccionários”[2].
Em muitos países, até nos mais adiantados, a burguesia infiltra e continuará infiltrando, sem a menor dúvida, agentes provocadores nos Partidos Comunistas. Um dos meios de lutar contra esse perigo consiste em saber combinar acertadamente o trabalho ilegal com o legal.
Os “esquerdistas” alemães julgam poder responder sem hesitar a esta pergunta pela negativa. Segundo eles, as declamações e invectivas contra os sindicatos “reaccionários” e “contra-revolucionários” são suficientes (K. Horner afirma-o com uma “seriedade” muito particular e idiota) para “demonstrar” a inutilidade e até a inadmissibilidade dos revolucionários, os comunistas, militarem nos sindicatos amarelos, contra-revolucionários, os sindicatos dos social-chauvinistas, dos conciliadores, dos Legien.
Mas, por mais convencidos que estejam os “esquerdistas” alemães do carácter revolucionário desta táctica, ela está na realidade fundamentalmente errada e nada contém a não ser frases vazias.
Para melhor o demonstrar, partirei da nossa própria experiência, de acordo com o plano geral deste artigo que tem por objectivo aplicar à Europa ocidental o que a história e a táctica actual do bolchevismo têm de aplicável, importante e obrigatório em toda a parte.
A relação entre os dirigentes, o partido, a classe e as massas e, por outro lado, a atitude da ditadura do proletariado e do seu partido relativamente aos sindicatos, apresentam-se hoje aqui, concretamente, da seguinte maneira: a ditadura é exercida pelo proletariado organizado nos Sovietes e dirigida pelo Partido comunista bolchevique, que, segundo os dados do último congresso (Abril de 1920), conta com 611 000 membros. O número de filiados oscilou muito, antes e depois da Revolução de Outubro; foi mesmo consideravelmente menor em 1918 e em 1919. Receamos ampliar excessivamente o partido, pois os arrivistas e aventureiros – que não merecem senão a execução – procuram esforçadamente introduzir-se nas fileiras do partido governamental. A última vez que abrimos largamente as portas do partido – exclusivamente para operários e camponeses – foi na altura (Inverno de 1919) em que Joudenitch se encontrava a algumas verstas de Petrogrado e Dénikine em Orel (a 350 verstas de Moscovo); isto é, num momento em que a República dos Sovietes era ameaçada por um perigo terrível, um perigo de morte, e em que os aventureiros, os arrivistas, os oportunistas e, de uma maneira geral, os elementos instáveis não podiam, de modo nenhum, contar com uma carreira vantajosa aderindo aos comunistas (mas sim com a forca e as torturas). O partido, que convoca congressos anuais (no último, a representação era de um delegado por 1000 membros), é dirigido por um Comité central de 19 membros, eleito no congresso; o trabalho corrente está confiado, em Moscovo, a organismos ainda mais restritos chamados “Orgbureau” (Secretariado de organização) e “Politbureau” (Secretariado político), eleitos em assembleia plenária do Comité central. Em cada um desses organismos participam 5 membros do CC. Daí resulta, pois, a mais autêntica “oligarquia”. Nenhuma questão importante, política ou de organização, é resolvida por uma instituição estatal na nossa República sem as directivas do Comité central do partido.
No seu trabalho, o partido apoia-se directamente nos sindicatos que contam actualmente, segundo os dados do último congresso (Abril de 1920), com mais de quatro milhões de membros e, formalmente, são sem-partido. Efectivamente, todas as instituições dirigentes da grande maioria dos sindicatos, e sobretudo, naturalmente, o centro ou o Secretariado dos sindicatos da Rússia (Conselho central dos sindicatos da Rússia) são compostos por comunistas e aplicam todas as directivas do partido. Obtém-se, em suma, um aparelho proletário formalmente não comunista, flexível e relativamente amplo, muito poderoso, por meio do qual o partido está estreitamente ligado à classe e às massas, e através do qual se exerce a ditadura da classe sob a direcção do partido. É claro que nos teria sido impossível governar o país e exercer a ditadura, já não digo em dois anos e meio, mas mesmo em dois meses e meio, se não houvesse a mais estreita ligação com os sindicatos, seu apoio enérgico, o seu abnegadíssimo trabalho não só na construção económica, mas também na organização militar. Como se pode compreender, esta ligação muito estreita, implica, na prática, um trabalho de agitação e propaganda bastante complexo e variado, reuniões oportunas e frequentes, não só com os dirigentes, mas, de uma maneira geral, com os militantes influentes nos sindicatos; uma luta decidida contra os mencheviques que contam, até hoje, com um certo número de adeptos, – bem pequeno, é certo – a quem ensinam todas as maquinações da contra-revolução, desde a defesa ideológica da democracia (burguesa) e a pregação da “independência” dos sindicatos (independência em relação ao poder do Estado proletário!) até à sabotagem da disciplina proletária, etc., etc.
Reconhecemos que a ligação às “massas” através dos sindicatos é insuficiente. Durante a revolução, a prática criou, no nosso pais, uma instituição que nós procuramos por todos os meios manter, desenvolver e aumentar: as conferências de operários e camponeses sem-partido, que nos permitem observar o estado de espírito das massas, aproximarmo-nos delas, reagir aos seus pedidos, chamar os seus melhores elementos para os postos de Estado, etc. Um recente decreto sobre a transformação do Comissariado do povo para o controlo do Estado em “Inspecção Operária e Camponesa”, dá a essas conferências sem-partido o direito de eleger membros para os serviços do controlo do Estado, que se encarregarão das mais diversas revisões, etc.
Além disso, como é evidente, o trabalho do partido á feito pelos Sovietes, que agrupam as massas trabalhadoras, sem distinção de profissão. Os congressos distritais dos Sovietes representam uma instituição democrática como nunca se viu nas mais democráticas das repúblicas democráticas do mundo burguês; através desses congressos (em que o partido se esforça por seguir os trabalhos com grande atenção) assim como delegando constantemente operários conscientes para as funções mais diversas no campo – o proletariado cumpre o seu papel de dirigente relativamente ao campesinato; exerce-se a ditadura do proletariado urbano, a luta sistemática contra os camponeses ricos, burgueses, exploradores, especuladores, etc..
Esse é o mecanismo geral do poder de Estado proletário considerado “de cima”, do ponto de vista da aplicação prática da ditadura. Esperamos que o leitor compreenda porque é que ao bolchevique russo, que conhece este mecanismo, que o viu nascer dos pequenos círculos ilegais e clandestinos, desenvolver-se durante 25 anos, todas estas discussões sobre a ditadura “de cima” ou “de baixo”, dos dirigentes ou das massas, etc., não podem deixar de parecer ridículas e de absurda infantilidade como o seria uma discussão sobre a questão de saber o que é mais útil ao homem, a perna esquerda ou o braço direito.
Também não nos parecem de menos absurda infantilidade e menos ridículas as graves dissertações absolutamente sábias, e terrivelmente revolucionárias dos “esquerdistas” alemães que afirmam que os comunistas não podem nem devem militar nos sindicatos reaccionários, que se pode renunciar a este trabalho, que é preciso abandonar os sindicatos e organizar, urgentemente, uma “união operária” completamente nova, completamente pura, inventada por comunistas muito simpáticos (e, na sua maioria, sem dúvida, muito jovens), etc., etc..
O capitalismo lega inevitavelmente ao socialismo, por um lado, as velhas distinções profissionais e corporativas que se estabeleceram no decorrer dos séculos entre os operários, e, por outro lado, os sindicatos que não podem transformar-se e não se transformarão senão muito lentamente, durante anos e anos, em sindicatos de indústria mais amplos, menos corporativos (englobando indústrias inteiras e não só corporações, ofícios e profissões). Por intermédio destes sindicatos de indústria, suprimir-se-á mais tarde a divisão do trabalho entre os homens; passar-se-á à educação, à instrução e à formação de homens universalmente desenvolvidos, universalmente preparados, capazes de fazer tudo. É para aí que caminha, deve caminhar e caminhará o comunismo, mas só ao fim de muitos anos. Tentar actualmente antecipar na prática esse futuro resultado do comunismo completamente desenvolvido, solidamente constituído, no apogeu da sua maturidade, é querer ensinar matemáticas superiores a uma criança de quatro anos.
Podemos (e devemos) empreender a construção do socialismo, não com material humano imaginário ou especialmente criado por nós, mas com o que capitalismo nos deixou. Isso é muito difícil, é certo, mas, qualquer outra maneira de abordar o problema é tão pouco séria que nem merece que se fale dela.
Os sindicatos representaram um progresso gigantesco da classe operária nos primeiros tempos do desenvolvimento do capitalismo, pois significaram a passagem do estado de dispersão e de impotência dos operários a embriões de organização de classe. Quando começou a desenvolver-se a forma suprema de união de classe dos proletários, o partido revolucionário do proletariado (que não merecerá este nome enquanto não souber ligar os dirigentes, a classe e as massas num todo homogéneo, indissolúvel), os sindicatos manifestaram inevitavelmente alguns traços reaccionários, uma certa estreiteza corporativa, uma certa tendência para o apoliticismo, um certo espírito de rotina, etc.. Porém, o desenvolvimento do proletariado não se faz em nenhuma parte do mundo, nem podia fazer-se de outra maneira, senão por intermédio dos sindicatos, pela sua acção conjunta com o partido da classe operária. A conquista do poder político pelo proletariado é, para o proletariado tomado como classe, um grande passo em frente e o partido deve também, mais ainda do que no passado, à maneira nova e não só à antiga, educar os sindicatos, dirigi-los, sem esquecer, contudo, que estes são e serão por muito tempo a indispensável “escola do comunismo”, a escola preparatória dos proletários para a aplicação da sua ditadura, a associação indispensável dos operários para a passagem gradual da gestão de toda a economia do país, primeiro para as mãos da classe operária (e não para estas ou aquelas profissões) e, depois, para as mãos de todos os trabalhadores.
Sob a ditadura do proletariado, é inevitável, neste sentido, a existência de um certo “espirito reaccionário” nos sindicatos. Não o compreender, é dar prova de uma completa incompreensão das condições essenciais da transição do capitalismo ao socialismo. Recear este “espírito reaccionário”, tentar iludi-lo, passar por cima, é cometer um grave erro, pois é ter medo de assumir este papel de vanguarda do proletariado, que consiste em instruir, esclarecer, educar, chamar para uma vida nova as camadas e as massas mais atrasadas da classe operária e do campesinato. Por outro lado, adiar a ditadura do proletariado até não haver nenhum operário de estreito espírito profissional, nenhum operário imbuído de preconceitos corporativos e trade-unionistas, seria um erro ainda mais grave. A arte do político (e a justa compreensão dos seus deveres por um comunista) é apreciar correctamente as condições e o momento em que a vanguarda do proletariado estará pronta a tomar o poder, a beneficiar, durante e depois, de um apoio suficiente de camadas suficientemente amplas da classe operária e das massas trabalhadoras não proletárias; em que poderá, uma vez obtido esse apoio, manter, consolidar e ampliar a sua dominação, educando, instruindo, atraindo para si massas cada vez maiores de trabalhadores.
Prossigamos. Nos países mais avançados que a Rússia manifestou-se, e tinha que, incontestavelmente, se manifestar, com muito mais força que entre nós, um certo espírito reaccionário dos sindicatos. Os nossos mencheviques tinham (e têm ainda em parte, num pequeno número de sindicatos) apoio nos sindicatos, precisamente graças a esta estreiteza corporativa, a este egoísmo profissional, e ao oportunismo. Os mencheviques do Ocidente “entrincheiraram-se” muito mais solidamente nos sindicatos, e surgiu aí uma “aristocracia operária” corporativa, mesquinha, egoísta, sem escrúpulos, ávida, pequeno-burguesa, de espírito imperialista, subornada e corrompida pelo imperialismo, muito mais poderosa que no nosso país. Isto é indiscutível. Na Europa ocidental, a luta contra os Gompers, contra os senhores Jouhaux, Henderson, Merrheim, Legien e C.ª, é muito mais difícil que a luta contra os nossos mencheviques que representam um tipo político e social perfeitamente homogéneo. Esta luta deve ser implacável e é absolutamente necessário desenvolvê-la, como nós o fizemos, até desacreditar completamente e expulsar dos sindicatos, todos os chefes incorrigíveis do oportunismo e do social-chauvinismo. É impossível conquistar o poder político (e não é preciso experimentar tomar o poder político) antes desta luta ter atingido um certo grau; nos diferentes países e nas diversas condições, este “certo grau” não é o mesmo, e só dirigentes políticos do proletariado, sensatos, experimentados e competentes, podem determiná-lo com acerto em cada país. (Na Rússia a prova do sucesso nesta luta foi-nos particularmente dada pelas eleições à Assembleia Constituinte, em Novembro de 1917, alguns dias depois da Revolução proletária de 25 de Outubro de 1917. Nessas eleições, os mencheviques foram completamente derrotados, tendo obtido apenas 0,7milhões de votos – 1,4 milhões incluindo os da Transcaucásia – contra os 9 milhões dos bolcheviques. Ver a este respeito o meu artigo As eleições para a Assembleia Constituinte e a ditadura do proletariado no número 7/8 de A Internacional Comunista)[3].
Mas sustentamos a luta contra a “aristocracia operária” em nome das massas operárias e para pô-las ao nosso lado; combatemos os chefes oportunistas e social-chauvinistas para conquistar a classe operária. Seria absurdo desconhecer esta verdade elementar e evidente para todos. Ora, é precisamente esse, o erro que cometem os comunistas alemães “de esquerda”, que, do espírito reaccionário e contra-revolucionário dos centros dirigentes sindicais, saltam para a conclusão de que...é necessário sair dos sindicatos!! recusam aí trabalharem!! e queriam criar novas formas de organização inventadas por eles!! Asneira imperdoável que equivale a um grande serviço prestado pelos comunistas à burguesia. Porque os nossos mencheviques, assim como todos os líderes sindicais oportunistas, social-chauvinistas e kautskistas, não são mais do que “agentes da burguesia no seio do movimento operário” (o que sempre dissemos dos mencheviques) ou os “tenentes laborais da classe capitalista” (labour lieutenants of the capitalist class), segundo a magnífica expressão, profundamente correcta, dos discípulos americanos de Daniel de León. Não trabalhar nos sindicatos reaccionários é abandonar as massas operárias insuficientemente desenvolvidas ou atrasadas pela influência dos líderes reaccionários, dos agentes da burguesia, da aristocracia operária ou dos “operários aburguesados” (cf. a este respeito a carta de Engels e Marx sobre os operários ingleses, 1858).
A despropositada “teoria” da não-participação dos comunistas nos sindicatos reaccionários mostra, claramente, com que leviandade, estes comunistas “de esquerda” encaram a questão da influência nas “massas”, e com que abuso utilizam a palavra “massas” nos seus apelos. Para saber ajudar as “massas” e conquistar a sua simpatia, adesão e apoio, é preciso não temer as dificuldades, os enganos, as armadilhas, os insultos, as perseguições pelos “chefes” (que, sendo oportunistas e social-chauvinistas, estão, na maior parte dos casos, ligados – directa ou indirectamente – à burguesia e à policia) e trabalhar precisamente aonde estiverem as massas. É preciso saber sofrer todos os sacrifícios e superar os maiores obstáculos para poder fazer um trabalho de agitação e propaganda metódico com perseverança, pertinácia e paciência justamente nas instituições, sociedades e organizações – mesmo nas mais reaccionárias – por toda a parte onde haja massas proletárias ou semi-proletárias. Ora os sindicatos e as cooperativas operárias (estas pelo menos em certos casos) são precisamente organizações onde se encontram as massas. Na Inglaterra, segundo as informações de um jornal sueco Folkets Dagblad Politiken[4] (de 10 de Março de 1920), o número e efectivos das trade-unions passou, do fim de 1917 ao fim de 1918, de 5 500 000 para 6 600 000, isto é aumentou 19%. No fim de 1919 aumentou para 7 500 000. Não tenho à mão os números correspondentes à França e à Alemanha; mas factos absolutamente indiscutíveis e conhecidos de todos atestam que também nestes países se verifica um sensível aumento do número de sindicalizados.
Tais factos provam com toda a evidência o que milhares de outros sintomas confirmam: o crescimento da consciência e a tendência cada vez maior para a organização que se manifestam justamente nas “camadas inferiores” das massas proletárias, entre os elementos atrasados. Na Inglaterra, França e Alemanha, milhões de operários passam pela primeira vez da total desorganização à forma de organização elementar, inferior, mais simples e mais acessível (para os que ainda estão imbuídos de preconceitos democrático-burgueses) isto é: os sindicatos. E os Comunistas de Esquerda, revolucionários mas pouco razoáveis, estacionam a gritar “as massas”, “as massas”!, e recusam-se a militar no seio dos sindicatos!! desculpando-se com o seu “espírito reaccionário”!! e inventam uma “União Operária” completamente nova, pura, virgem de preconceitos democrático-burgueses, dos pecados corporativos e estritamente profissionais, união essa que, segundo dizem, será (será!) ampla e para adesão da qual é preciso simplesmente (simplesmente!) “reconhecer o sistema dos Sovietes e a ditadura” (ver mais atrás a citação)!!
Seria impossível conceber maior disparate, maior prejuízo causado à revolução pelos revolucionários “de esquerda”! Se na Rússia, depois de dois anos e meio de vitórias sem precedente sobre a burguesia da Rússia e da Entente, estabelecêssemos actualmente, como condição de entrada nos sindicatos o “reconhecimento da ditadura”, cometeríamos uma asneira, traríamos prejuízo à nossa influência sobre as massas e faríamos o jogo dos mencheviques. Porque a tarefa dos comunistas é em saber convencer os elementos atrasados, saber trabalhar entre eles e não em isolar-se deles com palavras-de-ordem “de esquerda” de invenção ingénua.
Não há dúvida nenhuma que os senhores Gompers, Henderson, Jouhaux e Legien[5] ficarão muito reconhecidos a esses revolucionários “de esquerda” que, como os da oposição “de princípio” alemã (Deus nos guarde de semelhantes “princípios”!) ou como alguns revolucionários americanos dos “Operários Industriais do Mundo”[6], nos Estados Unidos, pregam o abandono dos sindicatos reaccionários e recusam-se a trabalhar aí. Não duvidamos de que os senhores “leaders” do oportunismo recorrerão a todos os artifícios da diplomacia burguesa, à ajuda dos governos burgueses, ao clero, à policia e aos tribunais, para impedir a entrada dos comunistas nos sindicatos, expulsá-los de lá por todos os meios, tornar-lhes o trabalho nos sindicatos o mais desagradável possível, ultrajá-los, cercá-los e persegui-los. É preciso saber resistir a tudo isso, estar disposto a todos os sacrifícios, usar mesmo – em caso de necessidade – de todos os estratagemas, artifícios e processos ilegais, evasivas e subterfúgios, com o único objectivo de entrar nos sindicatos, permanecer neles e realizar aí, custe o que custar, a acção comunista. Sob o czarismo, até 1905, não tivemos nenhuma “possibilidade legal”; mas quando o polícia Zoubatov organizava assembleias ultra-reaccionárias de operários e associações operárias para referenciar e combater os revolucionários, nós enviávamos a essas assembleias e para essas associações, membros do nosso Partido (entre eles, recordo-me pessoalmente do operário de Petersburgo, Babouchkine, notável militante, fuzilado em 1906 pelos generais do czar), que estabeleciam a ligação com as massas, conseguiam realizar a sua agitação e arrancavam os operários da influência dos homens de Zoubatov. Não há dúvida que é mais difícil actuar assim nos países da Europa Ocidental, particularmente imbuídos de preconceitos legalistas, constitucionais e democrático-burgueses muito enraizados. Contudo pode-se e deve-se fazê-lo, e fazê-lo sistematicamente.
O Comité Executivo da III Internacional deve, na minha opinião, condenar abertamente e propor ao próximo congresso da Internacional Comunista que condene, de um modo geral, a política de não-participação nos sindicatos reaccionários (explicando pormenorizadamente o que uma tal não-participação tem de errado e de infinitamente prejudicial à causa da revolução proletária) e, particularmente, a linha de conduta de certos membros do Partido Comunista Holandês, que – directamente, abertamente ou não, na totalidade ou em parte tanto faz) sustentaram esta falsa política. A III Internacional deve renunciar à táctica da II, e não evitar as questões penosas, não as encobrir mas pô-las frontalmente. Dissemos, abertamente, toda a verdade aos “independentes” (ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha); é preciso dizê-la, do mesmo modo, aos comunistas “de esquerda”.
[1] No Diário Operário Comunista 12 (n.º. 32, Hamburgo, 7 de Fevereiro de 1920), Karl Erler, num artigo intitulado A dissolução do Partido, escreve: "A classe operária não pode destruir o Estado burguês sem aniquilar a democracia burguesa, e não pode aniquilar a democracia burguesa sem destruir os partidos “.
As mais confusas cabeças dos sindicalistas e anarquistas latinos podem sentir-se "satisfeitas": alguns alemães importantes que pelos vistos, se consideram marxistas (em seus artigos no jornal citado, K. Erler e K. Horner demonstram serenamente que se consideram firmes marxistas, apesar de dizerem de modo singularmente ridículo tolices inacreditáveis, manifestando assim não conhecer o ABC do marxismo) chegam a afirmar coisas completamente absurdas. Por si só, o reconhecimento do marxismo não exime ninguém dos erros. Os russos bem sabem disso, porque o marxismo, com muita frequência, esteve “em moda" em nosso pais. '(Nota do autor)
[2] Malinovski esteve preso na Alemanha. Quando regressou à Rússia, já no poder bolchevique, foi imediatamente entregue aos tribunais e fuzilado pelos nossos operários. Os mencheviques criticaram-nos acerbamente pelo erro de ter abrigado um, provocador no Comité Central do nosso Partido, mas, quando no período de Kerenskí exigimos que fosse detido e julgado o presidente da Duma, Rodzianko, que desde antes da guerra sabia que Malinovski era um provocador e não comunicara o facto aos deputados "trudoviques" (trabalhistas) e operários da Duma, nem os mencheviques nem os socialistas revolucionários, que formavam o governo de Kerenski, apoiaram a nossa exigência, e Rodzianko ficou em liberdade e pode unir-se a Denikin sem o menor obstáculo. (Nota do autor)
[3] A Internacional Comunista, revista, órgão do Comité Executivo d Internacional Comunista, publicada em russo, alemão, francês, inglês, espanhol e chinês, de 1919 até 1943.
[4] Diário Popular Político, órgão dos social-democratas suecos, que, em 1917, formaram o Partido Social-Democrata de Esquerda da Suécia; começou a publicar-se em Estocolmo em Abril de 1916. Em 1921, o Partido Social-Democrata de Esquerda aderiu ao Komintern e tomou o nome de Partido Comunista. Depois da cisão operada na seio do Partido Comunista da Suécia em Outubro de 1929, o jornal passou para as mãos da sua ala direita. Deixou de ser publicado em Maio de 1945.
[5]Os Gompers, os Henderson, os Johaux e os Legien nada mais são que os Zoubatov, diferenciando-se dele por seus trajes europeus, o porte elegante e refinados processos aparentemente democráticos e civilizados que empregam para realizar a sua abominável política. (Nota do autor)
[6] Operários Industriais do Mundo [Industrial Workers of the World], união profissional dos operários dos Estados Unidos; foi fundada em 1905, reunia principalmente os operários não-qualificados e mal remunerados das diversas profissões. Em 1905-1907, quando o movimento grevista americano conheceu um recrescimento de actividade sob a influência da revolução na Rússia, os Industrial Workers of the World organizaram grande número de greves de massas que foram vitoriosas, lutaram contra a política de colaboração das classes, praticada pelos chefes reformistas da Federação Americana do Trabalho e pelos socialistas de direita. Durante a primeira guerra imperialista, os Industrial Workers of the World participaram na organização de manifestações contra a guerra da classe operária americana. Alguns chefes dos Industrial Workers of the World (W. Heywood e outros) saudaram a Revolução Socialista de Outubro e aderiram ao partido Comunista dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a actividade desta organização teve uma tonalidade anarco-sindicalista: não reconhecia a necessidade para a classe operária de conduzir a luta política, negava o papel dirigente do Partido, a ditadura do proletariado, não queria trabalhar entre os membros dos sindicatos aderindo à Federação Americana do Trabalho. Os chefes anarco-sindicalistas da organização, aproveitando o facto de os seus numerosos chefes revolucionários se encontrarem presos, rejeitaram, apesar da vontade da massa dos sindicalizados, o apelo do Comité executivo da Internacional Comunista, dirigido à organização em 1920, convidando-a a aderir ao Komintern. A política oportunista da direcção dos Industrial Workers of the World tornou-a uma organização sectária que perdeu muito depressa toda a influência no movimento operário.
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