O correspondente especial do Temps, importante órgão conservador, telegrafou de S. Petersburgo, em 21 [8] Setembro, para o seu jornal[1].
«Um grupo de 70 pessoas atacou anteontem à noite a prisão central de Riga; tomou as comunicações telefónicas e introduziu-se com a ajuda de escadas de corda no pátio da prisão, onde no decurso de uma luta aguerrida dois guardas foram mortos e outros três gravemente feridos. Os insurrectos libertaram em seguida dois presos políticos sob prisão preventiva do conselho de guerra e ameaçados de pena capital. No decurso da perseguição aos insurrectos, que, salvo dois, conseguiram pôr-se em fuga, um agente da polícia foi morto, e vários foram feridos».
Portanto, mesmo assim as coisas progridem! A despeito de imensas dificuldades que desafiam toda a descrição, o armamento melhora. O terrorismo individual, produto da debilidade dos intelectuais, foi relegado para o passado. Em vez de se defender dezenas de milhares de rublos e uma quantidade de forças revolucionárias para matar um Serge[2] (que talvez tivesse feito mais que muitos revolucionários para revolucionar Moscovo), para o matar «em nome do povo», começa-se a combater com o povo. Eis que os pioneiros da luta armada se solidarizam não somente em palavras, mas também em actos com a massa, põem-se à cabeça dos destacamentos militares e dos grupos de combate do proletariado, formam no cadinho da guerra civil dezenas de chefes populares que amanhã terão, no dia da insurreição operária, de apoiar com a sua experiência e com o seu heroísmo milhares e milhares de operários.
Saudação aos heróis do destacamento militar revolucionário de Riga! Que o seu sucesso seja uma consolação e um exemplo para os operários social-democratas de toda a Rússia. Vivam os precursores do exército revolucionário popular!
Vêde que sucesso desempenha a façanha de Riga, mesmo considerada do ponto de vista puramente militar. O inimigo tem três mortos e, provavelmente, cinco a dez feridos. As nossas perdas, são de dois homens provavelmente feridos e caídos por esta razão nas mãos dos inimigos. Os nossos troféus são dois chefes revolucionários arrancados ao cativeiro. É, certamente, uma brilhante vitória! É uma autêntica vitória alcançada sobre um inimigo armado dos pés à cabeça. Já não é uma conspiração contra qualquer personalidade detestada, já não é uma vingança, já não é um acto de desespero, já não é mais uma medida de «intimidação», é o começo da acção de destacamentos militares do exército revolucionário, reflectidos e preparados maduramente, calculada do ponto de vista da correlação de forças. Em cada grande cidade, e frequentemente nos arredores das grandes cidades, os destacamentos deste género, compreendendo de 25 a 75 homens, podem ser formados às dezenas. Os operários integrar-se-ão às centenas, por pouco que nós procedamos de imediato a uma larga propaganda desta ideia, desde que formemos destacamentos iguais a estes e que os equipemos com as mais variadas armas, desde as facas e os revólveres até às bombas, sem desprezar a sua instrução e a sua educação militar.
Os tempos estão por sorte modificados onde, à falta de povo revolucionário, alguns terroristas isolados «faziam» a revolução. A bomba deixou de ser a arma do terrorista isolado. Tornou-se um elemento necessário do armamento popular. A evolução da técnica militar conduz e deve conduzir a métodos e processos do combate de rua. Todos estudamos agora (e fazemos bem em estudar) a construção de barricadas e a arte de as defender. Mas esta velha e boa ocupação não nos deve fazer esquecer os mais recentes progressos da técnica militar. O aperfeiçoamento dos explosivos introduz inovações na artilharia. Se os japoneses se revelaram mais fortes que os russos, é em parte porque sabiam servir-se muito melhor dos explosivos. O emprego em larga escala dos explosivos mais potentes foi um dos traços característicos da última guerra. E os japoneses, mestres da arte da guerra, agora reconhecidos em todo o mundo, passaram igualmente ao emprego da granada de mão, de que eles se serviram admiravelmente contra Port-Arthur. Sigamos a escola japonesa! Não nos deixemos desencorajar pelos grandes contratempos que acompanham as tentativas de expedição massiva de armas. Nenhum contratempo destruirá a energia dos homens que sentem e vêem no trabalho a sua estreita ligação com a classe revolucionária, que têm consciência que o povo está enfim realmente todo erguido em nome dos seus objectivos imediatos de luta. O fabrico das bombas é possível em qualquer parte. Tem lugar actualmente na Rússia, em proporções muito maiores do que cada um de nós pensa (e todo o membro de uma organização social-democrata conhece certamente mais do que um caso de criação de laboratórios). Existe em proporções infinitamente maiores do que a polícia pensa (certamente melhor informada que os revolucionários das diversas organizações). Nenhuma força poderá resistir aos destacamentos do exército revolucionário, munidos de bombas, entregando-se numa bela noite a vários ataques simultâneos do género do de Riga e apoiados imediatamente – condição última e principal – por centenas de milhares de operários que não esqueceram a «pacífica» jornada de 9 de Janeiro e aspiram ardentemente a um 9 de Janeiro armado.
É para isto que, evidentemente, as coisas se encaminham na Rússia. Reflictam nas comunicações dos jornais legais anunciando que encontraram bombas a bordo de vapores, nas bagagens de pacíficos passageiros. Reflictam nas dezenas de mortos que tiveram lugar nas centenas de ataques cometidos contra polícias e militares, nas dezenas de feridos graves assinalados no decurso dos dois últimos meses. Os próprios correspondentes do Osvobojdiénié, que com a sua perfídia burguesa condena sem cessar a propaganda «insensata» e «criminosa» da insurreição armada, reconhecem que nunca os acontecimentos trágicos estiveram tão próximos como hoje em dia.
Ao trabalho pois, camaradas! Cada um no seu lugar! Que qualquer centro operário se lembre que de um dia para o outro os acontecimentos podem obrigá-lo a participar na luta final e decisiva e a dirigi-la.
Publicado no
Proletari n.º 15, 26[13] Setembro de 1905.
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